26 de Março de 2018
Cidades Históricas de Minas se preparam para a Semana Santa
Ouro Preto - Credito Rodrigo Azevedo
Feriado é oportunidade de conhecer cidades
históricas ao longo da Estrada Real
Mais uma vez
Ouro Preto se transforma em palco e cenário de uma das mais belas expressões da
cultura e da religiosidade mineira. Celebrações, procissões e ritos que
remontam o século XVIII atraem milhares de turistas de todos os cantos do mundo
para a Semana Santa na histórica cidade.
O evento,
organizado pela Paróquia Nossa Senhora do Pilar, juntamente com a Paróquia
Nossa Senhora da Conceição, teve início no dia 23 de março, com o ultimo rito
litúrgico do Setenário das Dores, e culmina na tradicional mobilização da
comunidade para a confecção dos tapetes devocionais no Sábado de Aleluia, dia
30 de março. É neste dia que a população da cidade faz vigília e enfeita as
ruas para a Procissão da Ressurreição, que acontece no dia 31. E todos acordam
cedo, no Domingo de Páscoa, para seguir de perto o cortejo, que tem como
destaque uma “revoada” de crianças vestidas de anjo.
No sábado, a
Prefeitura Municipal distribuirá serragem colorida em pontos estratégicos do
percurso da procissão, que sai da Basílica Nossa Senhora do Pilar rumo à Igreja
de Nossa Senhora das Mercês e Perdões (Mercês de baixo). A confecção dos tapetes
devocionais, patrimônio imaterial de Ouro Preto, sempre conta com a
participação de pessoas de todas as idades, adultos e crianças, tanto dos
moradores como também dos turistas. A Secretaria de Cultura e Patrimônio e a
Secretaria de Turismo, Indústria Comércio se encarregam de organizar a cidade.
Com auxílio das demais secretarias, elas organizam o trânsito, montam palco
para a encenação da Paixão de Cristo, iluminam o trajeto e envolvem as
Sociedades Musicais, as tradicionais bandas que tornam o evento ainda mais
encantador.
Ofício de Trevas faz parte da Semana Santa de São João
del-Rei desde o século XVIII
Entre os meses de março e abril, dependendo do
ano, a Semana Santa é tradição religiosa presente no calendário dos católicos.
Neste período, fiéis lotam as igrejas e se reúnem em missas e procissões com o
intuito de rememorar a Paixão, a Morte e a Ressureição de Cristo. Em Minas
Gerais, estão algumas das celebrações mais conhecidas do país. Entretanto, em
meio à diversidade de manifestações religiosas, existem tradições seculares
desconhecidas e que expressam a fervorosa religiosidade do povo mineiro.
Para os viajantes que percorrerão a Estrada
Real ao longo da Semana Santa, várias cidades da rota oferecem programações
singulares. É o caso de São João del-Rei, onde na Quarta-feira, 28/03, Santa ocorre o Ofício de Trevas na Catedral
Basílica de Nossa Senhora do Pilar . A Semana Santa da cidade histórica é uma
das poucas no mundo a celebrar originalmente o Ofício de Trevas. A tradição foi
trazida pelos colonizadores portugueses há mais de 300 anos e incorporada pela
Irmandade do Santíssimo Sacramento da Catedral Basílica de Nossa Senhora do
Pilar.
O rito reconta o sofrimento de Jesus através
de orações, salmos, leituras e lamentações. Ele é divido em três partes: a
primeira é realizada na noite da Quarta-feira Santa. Os outros dois atos,
Matinas e Laudes, acontecem nas manhãs da Sexta-feira da Paixão e do Sábado de
Aleluia.
Durante a cerimônia, o tenebrário, um grande
candelabro triangular com 15 velas acesas (14 amarelas e uma branca), fica do
lado direito do altar. A cada salmo lido, uma vela é apagada, retirada do
candelabro e escondida. Nesse momento, apagam-se todas as luzes da igreja e os
fiéis batem nos bancos ou com os pés no chão, provocando um barulho alto em
alusão às trevas. A escuridão remete ao período entre a Sexta-feira Santa e a
madrugada do Domingo de Páscoa, em que Jesus Cristo ficou no sepulcro. Em
seguida, as luzes são acesas novamente, simbolizando a ressureição de Cristo.
As velas que se apagam representam os discípulos, que pouco a pouco abandonaram
Jesus Cristo. Entretanto, das 15 velas, a branca é a única que permanece acesa.
Ela lembra Cristo como luz eterna do mundo. Ao término da celebração, os fiéis
saem da igreja em silêncio e no escuro.